TRANSTORNOS ALIMENTARES; COMPULSÃO, ANOREXIA E BULIMIA

Os transtornos alimentares, principalmente a anorexia e a bulimia nervosas, são enfermidades caracterizadas por graves alterações do comportamento. Embora sejam mais frequentes na adolescência e nos adultos jovens, são descritos casos de início antes da puberdade e após os 40 anos de idade. As causas destes transtornos são multifatoriais, dependendo da interação de diversos fatores, tais como, fatores biológicos, psicológicos e socioculturais.

Anorexia nervosa
A anorexia nervosa é caracterizada por uma acentuada perda de peso auto induzida, associada a um distúrbio de imagem corporal e grande medo de engordar. A perda de peso é alcançada por uma restrição alimentar auto imposta e um aumento exagerado de atividade física. Embora ocorra principalmente em meninas adolescentes e mulheres jovens, são descritos casos de início pré-puberal assim como após os 40 anos de idade e também em homens. A alteração do comportamento alimentar geralmente é uma resposta aos padrões ditados pela sociedade e pela mídia, em relação à exaltação da magreza como conceito ideal de beleza, uma vez que a mulher mais esguia vem associada à independência e sucesso profissional. Os fatores psicossociais parecem ter grande importância no desenvolvimento da doença, assim como, a predisposição genética, e as alterações neuroendócrinas ligadas à regulação do comportamento e do apetite.

Em geral, as pacientes negam a doença e seu precário estado nutricional leva a um quadro de desnutrição e distúrbios metabólicos graves. Podem ocorrer complicações cardiológicas incluindo arritmias e parada cardíaca. A alteração endócrina fundamental é a disfunção do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal que nas mulheres é expressa pela amenorreia. Quando a doença ocorre antes da menarca observa-se um atraso da puberdade e retardo de crescimento. Nos homens a doença produz diminuição das concentrações séricas de testosterona.

Tratamento da anorexia nervosa

Sempre o tratamento deve ser desenvolvido por uma equipe multidisciplinar e tentar recuperar o estado nutricional do paciente e restaurar os sintomas psicológicos.

Bulimia

A bulimia nervosa é caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar seguidos de atitudes que visam prevenir o ganho de peso, como, a autoindução de vômitos, uso excessivo de laxantes, diuréticos, jejuns e exercícios físicos excessivos.

A doença predomina nas mulheres embora nos homens seja mais comum do que a anorexia nervosa. Geralmente ocorre na adolescência ou início da fase adulta. O comportamento bulínico se inicia com a decisão consciente do indivíduo de emagrecer. As pressões sociais têm um papel importante no desejo de ser magro e os sentimentos de baixa-estima tendem a se isolar socialmente. Conflitos familiares, estado depressivo precedente e vulnerabilidade genética já foram implicados como fatores de risco para o desencadeamento da bulimia. Os pacientes procuram o médico muito tempo após o início da doença porque se sentem envergonhados.

As queixas são de fraqueza, cansaço e diarreia causada pelo uso abusivo de laxantes. As complicações da bulimia nervosa incluem arritmias cardíacas, alterações renais e distúrbios metabólicos consequentes ao uso excessivo de laxantes e diuréticos.

Tratamento para a bulimia

O tratamento inclui a psicoterapia cognitivo-comportamental e também o uso de antidepressivos.

Compulsão alimentar

O transtorno da compulsão alimentar é reconhecido como uma categoria diagnóstica distinta. A compulsão alimentar é caracterizada pelo consumo de uma grande quantidade de alimentos em um período curto de tempo. Os episódios são recorrentes e os indivíduos ingerem alimentos rapidamente sem estar com fome, até ficarem desconfortáveis e empachados. Existe um sentimento de não conseguir parar ou controlar a quantidade e a qualidade da comida.

Esses episódios são seguidos de um sentimento de culpa ou depressão.

As alterações da serotonina no metabolismo cerebral desempenham um papel importante na compulsão alimentar. Essas alterações, caracterizadas pela diminuição do transporte cerebral, foram comprovadas pela tomografia.

Tratamento

O tratamento do transtorno da compulsão alimentar inclui: terapia cognitivo-comportamental, a educação alimentar e a associação de fármacos. A orientação nutricional objetiva ordenar e distribuir regularmente a ingestão de alimentos ao longo do dia, além de evitar aqueles que possam desencadear os episódios de compulsão alimentar. Entretanto, é essencial a associação com medicamentos fármacos que interferem no sistema de secreção, transporte e captação de serotonina em nível cerebral (Sibutramina, Bupropiona, Fluoxetina etc…), o que propicia a muitos pacientes uma recuperação mais rápida e prolongada.

Síndrome do comer noturno

Essa síndrome é mais frequente no sexo masculino e caracteriza-se por hiperfagia noturna, insônia e falta de apetite matinal.